quarta-feira, 19 de junho de 2013

Poema na ADEFERN

Com toda essa onde de greves e movimentações, protestos contra o governo e em favor do governo, contra o aumento e por melhorias estruturais dentro da competência, desabafo e protestos contra os políticos corruptos, o que eu quero mesmo é:

QUERO VOLTAR LÁ PRA ROÇA


Quero voltar lá pra Roça,
E morar numa palhoça,
Na beira daquela estrada,
Pra quando o manhã surgir,
Bem caladinho, eu ouvir,
O Canto da passarada.

Ouvir o gado mugir,
O cantar do bem-te-vi,
O Boiadeiro aboiar,
As galinhas no terreiro,
Com as cabras e os carneiros,
Em coro com o sabiá.

Fruta madura colher,
Água da fonte, beber,
Para matar minha sede,
À tarde, me espreguiçar,
Vendo a noite chegar,
Balançando-me numa rede.

Vê o matuto passando,
No ombro, a enxada levando,
E o cão na companhia,
Vê-lo depois retornando,
Sua mulher esperando,
Com todo amor e alegria.

Na Roça não existe tristeza,
Na Roça tudo é beleza,
Na Roça tudo é poesia,
E lá não existe guerra,
O povo ama sua terra,
E vive do dia a dia.


Por isso, vou me mudar,
Lá na Roça, vou morar,
Longe da agitação,
Vou vier sem sobressaltos,
Longe de roubas e assaltos,
Longe da poluição.

E para me acompanhar,
Só quero mesmo levar,
O meu radinho de pilha,
Lápis e papel, vou levar, 
Que é pra de mês em mês mandar,
Notícia para minha família.

A Roça me viu nascer, 
E lá que quero morrer,
Por lá, vou me enterrar,
Isso é fato consumado,
Já está tudo acertado,
Ninguém pode desmanchar.

Dos bens já fiz a partilha,
Deixei para toda a família,
O que ganhei na cidade,
Casas, carros e dinheiro,
Meu patrimônio inteiro,
Do qual não levo saudade.

Essas são coisas normais,
São bens materiais,
Que deixo de dividir,
Mas que fiquem avisados,
Os bens vão ser rateados,
Somente quando eu partir.

A minha velha palhoça,
Meu único bem lá na Roça,
A porta pode lacrar,
O meu radinho de pilha,
Volta pra minha família,
Para de mim, se lembrar.

Na hora do Ave Maria,
Que eu escuto todo dia,
Pra poder me confessar,
Dos pecados cometidos,
Por todo tempo perdido,
Que não soube aproveitar.

Vivendo de fantasia,
Longe de toda alegria,
Que a Roça tem pra gente,
Gente cheia de pureza e beleza,
Lugar de povo decente.

Cheio de pássaros cantando,
Cheio de mato exalando,
E o vento a sibilar,
À noite, o silêncio da mata,
Fazendo a gente sonhar.

Por isso, vou me mudar,
Pra Roça e é pra já,
Pra minha felicidade,
Deixo um abraço pros meus,
Para os que ficam, adeus,
Vou-me embora da cidade.


José Odon Abdon

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