quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

ADEFERN E CRÔNICAS

CRÔNICA DE UM DIA MUITO LOUCO



Fim de mais um dia de intenso trabalho, do meu birô, recolho os meus pertences usuais,parte dos meus objetos, meus pertences do dia a dia de trabalho.
As primeiras luzes da cidade se acendem, logo começará o corre-corre das pessoas na busca de locomoverem-se para casa, onde as suas respectivas famílias os esperam.
Sem muita pressa, visto meu paletó que até então repousava na braço da cadeira onde sentado cumpro meu expediente diário, com passas marcados desço as escadas evitando algum tumulto de outras pessoas na busca de terem acesso ao elevador. Logo chego ao estacionamento e ainda, sem muita pressa, adentro ao meu automóvel, dou uma partida sem antes ligar o som onde numa emissora de FM escuto Roberto Carlos cantando uma música do tempo da Jovem Guarda intitulada "Quero que vá tudo pro inferno". Troco de marcha, dobro na primeira rua à direita no percurso para minha casa e há poucos metros paro no primeiro sinal de trânsito, onde sou abordado por uma garoto mal vestido e com ar de muita pobreza, que com uma caixa de bombons grita na porta do meu carro:"- Vai um chocolate aí, seu Raul Gil? Custa apenas um real..."
Fiquei intrigado com aquela indagação do garoto, mas não me fiz de rogado, disse-lhe: "- Me dá essa caixa toda, pega esses vinte reais e pode ficar com o troco..." O garoto agradeceu dizendo pra todo mundo ouvir: "- Deus lhe abençoe Seu Raul Gil, Deus lhe abençoe,vou para casa dar o dinheiro à minha mãe, para comprar pão e leite para meus irmãos."
O sinal abriu, segui em frente, agora, já um pouco mais lento, visto que a noite já chegara e o trânsito como sempre, estava engarrafado, mas, uma pergunta martelando a minha mente; por que será que aquele garoto me chamou de Raul Gil, se o Raul Gil nem mesmo bigode tem para diferenciar de mim?
Mudo de estação e, no primeiro momento, me vejo escutando uma música atual do Rei Roberto Carlos, que está na boca do povo e que tem como título "Esse cara sou eu".
Sigo meu percurso e mais adiante, com trânsito extremamente lento, quase parado me deparo com uma cena deveras lastimável: os motoristas de dois automóveis que se chocaram no trânsito, discutiam veemente. E quando meu automóvel se aproxima dos dois contendores um deles a mim com a seguinte afirmação diz:
" - Está vendo Seu Ratinho? O DETRAN fica dando carteira de habilitação para todo mundo, por isso é que aparece esses barbeiros... Era bom que o senhor trouxesse a sua equipe de TV para documentar a barbeiragem desse otário..."
Dessa fez fiquei intrigado ainda, cumprimentei os litigantes e segui o meu caminho para casa, onde minha mulher e meus filhos me esperavam para jantarmos juntos.
Acelero mais um pouco e atravesso o último sinal antes de entrar na rua da minha casa. O sinal estava verde e por isso, não tive qualquer dificuldade em seguir meu caminho e, tão logo ao dobrar a esquina da rua onde moro, visualizo um grande tumulto e escuto um grande alarido e alguém na multidão que grita: " - Pega ladrão". Enquanto que um homem corria em louca disparada como se a temer um suposto linchamento. 
Com ar ofegante, o homem segura no trinco da porta do meu carro como a querer adentrar e me fazer companhia e lívido me implora: " - Pelo amor de Deus, Seu Silvio Santos, não deixe o povo me bater..."
Isso foi o ápice para minha indignação, pois não tenho qualquer aparência com Raul Gil, de Ratinho somente um pouco de semelhança com os bigodes e de Silvio Santos nem mesmo a careca parece, porque, na realidade, eu me pareço mesmo é com Zé do Caixão.

José Odon Abdon 

0 comentários: