quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
ADEFERN .... A MÃE PRÓDIGA .....TRINTA ANOS.... E EU...
Texto do
livro de autoria de José Odon Abdon
ADEFERN ... A MÃE PRÓDIGA E E EU
Somos o que
somos
Entre muitos adágios populares existentes
em nosso país, existe um que se encaixa direitinho no relato desse livro:
“Antiguidade é posto”
Pelos idos do ano de 1974, por um acaso
do destino, (e que belo acaso), que não é o caso aqui relatar em minúcias, pois
o objetivo é outro, me tornei uma Pessoa Com Deficiência Física.
Por uma fatalidade, passei a ser uma
pessoa paraplégica.
Eu que nunca havia parado para analisar
como se sentiria uma pessoa com deficiência, quais as dificuldades que tem que
enfrentar rotineiramente e que horizonte vislumbra, enfim; como seria a vida de
uma pessoa que de repente se depara com a realidade de conviver cotidianamente
numa cadeira de rodas.
Somente com o advento de uma fatalidade
é que pude tomar a consciência das desvantagens e de como é difícil a vida de
um ser humano que obrigatoriamente tem que passar os dias diferentes da grande
maioria das pessoas que são aparentemente normais. Não que a deficiência seja
uma coisa anormal, muito pelo contrário, para nós é mais do que normal, feliz é
aquele que mesmo com as dificuldades, faz do seu dia a dia um motivo de alegria
e felicidade, buscando dar aos seus semelhantes á visão de um horizonte
colorido, uma perspectiva de vida digna e com amanhãs melhores.
É assim que vejo a vida, é assim que me
sinto, é assim que procuro dar aos meus semelhantes, principalmente aqueles que
padecem de alguma dificuldade em decorrência da uma deficiência, o melhor de
mim, para somente assim me sentir útil, e me sentindo útil com certeza serei
mais feliz.
Quando se diz que antiguidade é posto,
e desse ditado popular eu sou mais que conhecedor, é pelo fato de assim como a
nossa Associação dos Deficientes Físicos do Estado do Rio Grande do Norte –
ADEFERN, a quem nesse livro denomino de
“Mãe Pródiga” haver completado
também trinta anos de luta em favor das Pessoas Com Deficiência buscando
preencher as lacunas deixadas em minha vida, com trabalho dedicação e amor, repartindo
esse amor com todas aquelas pessoas das quais convivi nesses anos, e as quais
ainda convivo e pretendo conviver por mais muito tempo.
Posso dizer sem medo de errar, que em
trinta anos de luta de trabalho e dedicação, fui o cidadão mais pontual do
mundo no que se refere ao cumprimento de uma missão, estive sempre presente em
todos os atos fatos e ações correlatas com a luta da “Mãe Pródiga”, e a deficiência nunca me impediu de ser uma pessoa
capaz, isso com certeza não é apologia, os fatos e o tempo são testemunhas
oculares.
Comecei a minha luta em favor das
Pessoas Com Deficiência ainda num leito de hospital, na Cidade de São Paulo,
cidade onde fui mais uma vítima da violência urbana e me tornei um paraplégico
em decorrência de um assalto e, vitimado por dois projéteis de arma de fogo que
me deixaram como seqüela a convivência diária numa cadeira de rodas. Posso
dizer que esse é o meu verdadeiro troféu.
Não pensem que o fato de conviver numa
cadeira de rodas é o caso de amaldiçoar aquelas pessoas que me fizeram ficar
nesse estado físico, muito pelo contrário, há momentos que até agradeço aos
meus carrascos pelo fato de haverem me deixado paraplégico, pois esse fato é
que me fez crescer como ser humano, haver me tornado uma pessoa melhor, mais
digna, mais centrada sobre a lei da vida, compenetrada com a minha missão,
enquanto passageiro ocasional nesse mundo de meu Deus, e buscando ser cada vez
mais competente em minhas ações. Enfim, mais humano, mais gente.
Infelicidade e tristeza não fazem parte
do meu dicionário, sou o que sou e não há mais tempo para querer ou tentar
mudar, e mesmo que quisesse não poderia, não vejo qualquer razão plausível para
de uma hora para outra como de estalo tentar ter ou ser outra personalidade.
Há uma música do saudoso Raul Santos
Seixas, intitulada “Metamorfose Ambulante” que pode e deve explicar para muitos
as situações do ser humano.
Identifico-me com essa música em
algumas situações, principalmente naquela que trata de alguns pontos de vista,
mas no todo vou continuar o mesmo cidadão simplista que sempre fui. Pra que
mudar? Não vejo motivo ou razão para tal.
Vivemos num mundo onde pagamos pra
nascer, pra viver, pra morrer, pra se enterrar. Pagamos pra ser católico protestante ou professar qualquer outra
religião, pagamos para buscar ser feliz, e muitas das vezes até procuramos
comprar a felicidade, pagamos pelo que comemos e pelo que não consumimos, esse
é um fato do qual não podemos correr ou tentar esconder, é o tal do
mercantilismo imperante nos quatro cantos do mundo, a mudança das ideologias e
consumismo que nos corrompe quase sempre.
Pagamos para ser sócio de organizações
criadas para todos os gostos e finalidades, contudo; existem situações das quais
e pelas quais o ser humano, falo do ser humano na acepção da palavra, o bom
homem, o bom cidadão, o ser correto, ou mesmo aquele que de alguma forma
procura ser, não precisa pagar para...
São atos atitudes e predicados que
nascem com esse ser humano ou que são aperfeiçoados quando se tem uma visão de
mundo diferenciada. Na grande maioria essas condições são inatas do bom
cidadão, do bom ser humano, do bom homem, aquele que procura ser correto
simplesmente por princípios.
Ninguém precisa pagar para ser honesto,
para ser fiel aos seus princípios filosóficos respeitando os seus semelhantes.
Hombridade não se compra, respeito é bom e todos merecem ser respeitados.
Amizade, camaradagem, sinceridade, capacidade de entender os outros são
condições que não custa nada para o ser humano, não tem preço de mercado.
Será difícil seguir um caminho de
retidão mesmo sem ter uma religião?
Não é difícil, não precisa ter qualquer
religião para ser um bom ser humano e isso eu tenho buscado através do tempo e
com a deficiência que carrego.
A minha fé em Deus é o que me preenche,
me faz forte e resistente para enfrentar com dignidade e sem vaidade a vida,
sem me importar o que alguém possa pensar ou fazer qualquer juízo de valor
sobre a minha pessoa.
Mas, também sei respeitar aqueles que
de alguma maneira têm divergência dos meus pontos de vista, do meu jeito de ser
e encarar a vida, afinal, nem Jesus Cristo que foi um modelo para a humanidade
conseguiu agradar a todos. Dos seus doze apóstolos nós nos lembramos mais
vivamente do pobre Judas, que pela sua traição levou Jesus ao calvário e á
crucificação e próprio Judas ao suicídio por enforcamento. Mas isso já estava
escrito, o próprio Cristo confidenciou aos seus apóstolos que assim seria.
E muitas vezes esquecemos que Tomé não
acreditou no que o Cristo falou e lhe faltou coragem para caminhar sobre as
águas, e de Pedro que por três vezes negou Cristo, assim são relatados os
fatos, assim é contada a história cristã. Quem somos nós para questionarmos
alguma coisa?
E diante desses fatos marcantes, será
que temos direito de questionar o ser humano? Ninguém pode servir de modelo pra
ninguém, somos iguais enquanto diferentes, por isso é que o respeito pelo ser
humano, quando se tratar de pontos de vista, é necessário.
Quando digo que ás vezes eu sou
agradecido aos meus algozes, é pelo fato da minha infelicidade por ser vitimado
por um assalto que me deixou paraplégico, ter sido também um motivo para que eu
pudesse crescer como ser humano. MISSÃO? Não sei, não tenho como responder. Tenho
algumas convicções filosóficas, mas não posso afirmar embasadamente se são de
fato as mais corretas, há sempre uma dúvida por traz da cortina ou pairando no
ar, e por mais que busquemos compreender, não obteremos a resposta real e
ideal. Melhor assim.
Diz outro ditado popular: “DEUS escreve
certo por linhas tortas...” É mesmo assim, fiquei paraplégico para poder tentar
fazer das pessoas limitadas fisicamente e intelectualmente um pouco melhor,
buscando resgatar a cidadania plena de uma parcela considerável de uma
população órfã do poder, as ditas minorias sociais.
Tenho orgulho do meu trabalho, sinto
prazer pelo que faço, mas, para que esse trabalho frutificasse, frutifique e
alcance os seus objetivos, tenho por traz de mim uma organização que desde o ano
de 1981, ano dedicado internacionalmente ás Pessoas Com Deficiência, realiza um
trabalho ímpar e de fundamental importância. Organização essa com a qual me
identifiquei e há mais de trinta anos tem sido o meu segundo lar, o meu
refúgio, a minha igreja e plataforma de vida, quase sempre o meu céu e por
vezes o meu inferno.
Falo da Associação dos Deficientes
Físicos do Estado do Rio Grande do Norte – ADEFERN, a primeira entidade a ser
criada em nosso Estado para defender os interesses das Pessoas Com Deficiência
Física no lado social, mas que; por circunstâncias, hoje não representa somente
os deficientes físicos, mas sim, é uma referência na defesa de todas as Pessoas
Deficiência, físicos, auditivos, visuais, intelectuais e múltiplos, sem deixar
de dar o devido suporte para todos os demais segmentos sociais, pessoas que
apresentam síndromes e pessoas com algumas doenças crônicas Invalidante.
Foi na Associação dos Deficientes
Físicos do Estado do Rio Grande do Norte - ADEFERN á quem apelido
carinhosamente de a “Mãe Pródiga”
que consegui me situar como um verdadeiro ser humano no contexto real da palavra
e da vida, amando e acredito, sendo amado, divergindo, mas nunca odiando.
Foi na Associação dos Deficientes
Físicos do Estado do Rio Grande do Norte - ADEFERN que vi a importância e a
relevância de um trabalho social.
Ali, o mais importante é o ser humano,
independentemente da deficiência, raça, cor, religião, opção sexual, predileção
política ou qualquer outra situação por mais esdrúxula que possa parecer.
A “Mãe
Pródiga” foi o alicerce para a criação das muitas entidades representativas
do segmento de Pessoas Com Deficiência no Rio Grande do Norte, foi á introdução
do trabalho inclusivo, a porta que se abriu para que pessoas obstinadas com o
trabalho social e assistencial surgisse
nos vários municípios do Rio Grande do Norte, e eu me sinto bastante
confortável ao fazer esses relatos, pois dei minha pequena mais importante contribuição
para que esse trabalho pudesse ser desenvolvido com a devida qualidade.
Sinto imenso orgulho de haver dedicado
anos da minha vida á um trabalho para essa instituição, sendo seu dirigente
maior por cinco mandatos, dos quais faço questão de identificá-los para que não
pareça que nessa entidade não exista democracia. Existe sim, mas acima de tudo
existe muita coerência, respeito aos semelhantes e igualdade de ações e de
propósito, e foi dentro dessa filosofia que cumpri dois mandatos nos anos oitenta,(1983 á 1985 e
1985 á 1988) dois mandatos nos anos
noventa (1994 á 1997 e 1997 á 2000) e um mandato nos anos dois mil, (2006 á
2009) como gosto de frisar, participando de todas as suas lutas e conquistas,
formando amigos e lidando com companheiros que padecem das mesmas dificuldades
físicas que eu, e carregam a marca que
os marcam para o resto de suas vidas.
E por que trato a ADEFERN de a “Mãe Pródiga”? Por que tanto carinho
por uma instituição? Qual o segredo para tanto amor?
É simples... E falo isso dentro da
maior simplicidade possível. A
Associação dos Deficientes Físicos do Estado do Rio Grande do Norte - ADEFERN é
o refúgio das Pessoas Com Deficiência, o norte, a fonte da qual aquele que bebe
da sua água se fortalece, se inspira, é o lenitivo para algumas dores e a
perspectiva de futuro, a opção do presente e o esquecimento das dores do
passado próximo ou distante, é o Oasis, a fonte da vida, o carinho e a ternura
de um ombro amigo ou o colo de uma verdadeira mãe.
Por isso, não me canso de declarar o
quanto amo essa instituição, pois foi através dela que pude obter o respeito da
sociedade enquanto pessoa com deficiência. Através da ADEFERN eu pude conhecer
o meu país quase que de ponta a ponta representando o meu estado, o meu
município e as Pessoas Com Deficiência, levando, discutindo e mostrando para o
Brasil que em Natal existe uma associação chamada ADEFERN e que luta
verdadeiramente pela melhoria da qualidade de vida das pessoas que representa.
Foi ela, a ADEFERN que me ensinou a
trilhar o bom caminho, me ensinou as lições que aprendi através do tempo e o
viver com dignidade, respeitando e sendo respeitado, devotando um trabalho
social da mais alta responsabilidade e importância para quem dele precisa.
Claro que eu nem a ADEFERN somos
unanimidade, até por que; toda unanimidade é burra, já dizia o saudoso Nelson
Rodrigues, há aquelas pessoas que acham que as coisas acontecem porque têm que
acontecer, e que DEUS dá o frio conforme o cobertor como já dizia o saudoso
Adoniran Barbosa em sua música “Saudosa Maloca” e por isso vivem do esperar.
Mas não é bem assim, se fizermos a nossa parte, já estamos contribuindo para
que os outros possam viver melhor.
Nada se consegue sem luta, muitas vezes
é certo, as coisas caem do céu em nosso colo, mas, vejam bem, são apenas
migalhas, isso serve de alerta para que nos aprofundemos cada vez mais na
conceituação da vida, para termos acesso ao verdadeiro filão de ouro.
Ás vezes não queremos dar ao trabalho
de outrem a importância que ele merece, talvez até por não termos um
conhecimento mais aprofundado das situações, do verdadeiro dimensionamento da
obra proposta, e até criticamos, e muitas vezes fazemos isso por vaidade, por
comparações inevitáveis, mas na realidade, isso só faz comprovar a nossa
pobreza espiritual e a mediocridade quanto á esses assuntos...
Sempre evitei, sempre fugi de comparações
em todos os planos e aspectos, não tenho que provar nada á ninguém a não ser
para mim mesmo me identificando como capaz de atingir os meus objetivos em
todos os aspectos, afinal; “Querer é poder” e, se eu quero, eu posso.
Eu jamais poderia deixar de relatar
alguma coisa da ADEFERN nesses seus trinta anos de existência, assim como,
deixar de documentar fatos e ações, histórias gravadas no tempo da minha
história como pessoa cuja história se mistura e se confunde com a história de
nossa própria “Mãe Pródiga”.
O meu nome, mesmo que quisesse jamais
se separará da história da ADEFERN, afinal, são trinta anos de luta, trinta
anos de glória, sofrimento, risos e lágrimas, fatos que se misturam a história
do nosso estado, nosso município. E nesse momento em que a nossa inspiração
maior do trabalho em prol das Pessoas Com Deficiência completa três décadas,
acho-me no direito de relatar para aqueles que desconhecem o trabalho
desenvolvido em favor dos segmentos sociais tão importantes, as Pessoas Com
Deficiência, dizer o que é a Associação dos Deficientes do Estado do Rio Grande
do Norte – ADEFERN, a nossa “Mãe
Pródiga”, aquela que nos ensinou a trilhar os caminhos da igualdade e do
companheirismo, aquela que nos mostra no cotidiano o quanto somos importantes,
basta respeitar as nossas limitações, mas sem deixar de apostarmos nas nossas
potencialidades, é de fato o Oasis que está sempre á nossa espera para nos
oferecer a água para amainar a nossa sede.
O que passamos a determinar nesse livro
não tem regras básicas ou determinantes, busca mostrar simplesmente o trabalho
desenvolvido pela nossa ADEFERN movida pelos seus dirigentes nesses trinta anos
de luta, dos quais me intitulo como um dos mais importantes, dado ao fato de em
trinta anos haver dirigido essa instituição por cinco mandatos de três anos, o
que representa metade da vida da instituição, além de haver exercido dois
mandatos como vice-presidente, o que representa mais seis anos de trabalho
dedicado á nossa “Mãe Pródiga”.
Tenho a certeza que os mais jovens, aquelas
pessoas que debutam na dificuldade de encontrarem-se como uma pessoa com
deficiência, e que por uma coincidência ou oportunidade não conheciam quase
nada dessa história tão cheia de evoluções, tão cheia de materialismo e de
fatos consumados que fez a história da Associação dos Deficientes Físicos do
Estado do Rio Grande do Norte merecer a devida importância que nesse momento
procuro dar, a partir de então passarão a dizer e a entender por que faço da
nossa entidade, o meu segundo e verdadeiro lar.
O que relato nesse livro e que ficará
para a posteridade como um documento vivo de uma luta, e está contido da mais
alta fidelidade dos fatos. Apesar e graças á muitos que ainda permanecem
integrados ao trabalho desenvolvido pela Associação dos Deficientes Físicos do
Estado do Rio Grande do Norte, ADEFERN a
“Mãe Pródiga” do Movimento das
Pessoas com Deficiência do nosso Estado.
Portanto, sem rodeios ou delongas,
quero mostrar um pouco da vida da nossa instituição, que é um marco da luta das
Pessoas Com Deficiência em nosso estado e que, apesar de haver atravessado um
período tão longo como são esses trinta anos, continua inteiramente
independente, é uma mãe menina e de cujas ações são determinadas pela
necessidade de atendimento ás Pessoas Com Deficiência mas, com a ausência ou
interferência do poder público, talvez esse seja o grande segredo e mistério
para que um trabalho com essência possa e seja realizado com tanta dedicação e
sem grandes atropelos.
Nesses trinta anos de existência a
nossa ADEFERN foi sempre uma entidade dirigida por Pessoas Com Deficiência
Física, fiscalizada por Pessoas Com Deficiência Física que desenvolve um
trabalho em favor de Pessoas Com Deficiência. Não que tenhamos algo contra
pessoas “ditas e tidas como normais”, no entanto, não podemos conceber certas
distorções que acontecem com algumas entidades representativas, onde se tem a
impressão de pessoas querendo levar vantagens em cima de condições adversas das
Pessoas Com Deficiência.
Isso é fato comprovado, mas por nós
nunca aceitado. Não concebemos o palhaço no lugar do médico nem o médico no
lugar do palhaço.
As entidades representativas de
qualquer segmento social, com sua maior ou menor importância têm de ser
dirigida por pessoas inseridas no contexto da sua representatividade. Dentro
desse raciocínio isso será um fato para ser analisado.
Imaginem
a Ordem dos Advogados do Brasil ser presidida por um médico sem formação
jurídica, ou o Conselho Regional de Medicina ser dirigido por um advogado sem
qualquer formação médica.
Isso exemplifica a nossa posição
antagônica ás instituições de Pessoas Com Deficiência que são dirigidas por
pessoas “ditas e tidas como normais”.
Como alguém poderá explicar que uma
pessoa capacitada para o trabalho apesar de apresentar alguma deficiência,
examinado por uma Junta Médica específica, dada como apta para desenvolver as
suas atividades da vida diária, cidadão que paga seus impostos em dia e
contribua para o desenvolvimento dessa nação não seja ou esteja capacitada para
dirigir uma entidade representativa do seu segmento em detrimento de uma
deficiência que apresenta?
Quanto mais se alonga o discurso, mais
vemos a importância da nossa instituição. Quanto mais me identifico, mais me
comprometo com o trabalho e as ações da nossa “Mãe Pródiga”.
Assim pensando é que busquei introduzir
na Associação dos Deficientes Físicos do Estado do Rio Grande do Norte a nossa “Mãe Pródiga” um modelo e uma
consciência administrativa, não disputarmos mandatos entre nós mesmos, sob pena
de nos dividirmos ainda mais, e montarmos Diretorias Executivas e Conselhos
Fiscais compostos especificamente por Pessoas Com Deficiência.
Com muito orgulho, muita honra,
como muita ousadia e determinação, posso dizer; em tempo algum a
Associação dos Deficientes Físicos do Estado do Rio Grande do Norte – ADEFERN
deixou de eleger uma Pessoa Com Deficiência para exercer os cargos de Diretoria
e Conselho Fiscal.
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